O presidente
da Petrobras, Pedro Parente, anunciou na noite de hoje (23) uma redução de 10%
no valor do diesel nas refinarias por 15 dias. A decisão, segundo ele, busca
contribuir com uma possível trégua no movimento dos caminhoneiros, que estão
paradas nas estradas há três dias contra preço do combustível.
Na prática, a
Petrobras avalia que a redução média será de R$ 0,23 por litro nas refinarias,
resultando numa queda média de R$ 0,25 por litro nas bombas dos postos de
combustível. A diminuição do preço deve ser maior para o consumidor, porque o
imposto incidente acabará sendo menor. A medida vale apenas para o diesel e
começa a valer a partir de amanhã (24). O custo do combustível nas refinarias
será de R$ 2,1016, valor fixado para os próximos 15 dias. Ao fim do período, a
tarifa será corrigida de forma progressiva até voltar a operar de acordo com a
política de preços adotada pela estatal.
A Petrobras
espera que a decisão leve à suspensão da paralisação e que, nos 15 dias em que
vigorar o valor fixo, governo e caminhoneiros consigam encontrar uma solução
definitiva. "Entendemos que uma das grandes dificuldades é a possibilidade
de que exista uma trégua, um tempo para uma discussão mais serena dos temas
complexos em debate. E a empresa decidiu dar uma contribuição para a construção
desse ambiente construtivo", disse Pedro Parente. Não há garantia de que
os caminhoneiros irão interromper a greve.
Na visão do
presidente da Petrobras, a solução definitiva deve passar pela discussão da
redução das cargas tributárias federal e estadual. Em reunião realizada mais
cedo entre o governo federal e os caminhoneiros, representantes do movimento
defenderam que se retirasse do preço do diesel a incidência da Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico (Cide), do PIS/Pasep e da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins). No entanto, o encontro terminou
sem acordo, embora o governo tenha concordado em eliminar a cobrança da Cide
sobre o combustível.
Diante da
situação, o presidente Michel Temer chegou a pedir aos caminhoneiros uma trégua
de três dias para a busca de uma solução satisfatória. Pedro Parente, porém,
nega que o governo tenha solicitado o auxílio da Petrobras. Segundo ele, a
decisão foi tomada exclusivamente pela diretoria da estatal e o único contato
feito hoje com Temer foi para comunicá-lo. Ele também negou que a medida seja
resultado de pressão.
"Não
sofremos pressões e nem tivemos contato com governo ou movimentos sociais antes
da decisão. Portanto, não há que dizer que estamos atendendo à pressão. O que
nós fizemos é atender uma avaliação realista da situação que o país está
enfrentando. É uma contribuição da Petrobras para construir esse momento mais
positivo, para uma discussão menos dura e com menos consequência para a
população. [...] Não foi uma decisão fácil. Agora eu acho importante que exista
boa vontade das partes, e que elas reajam ao gesto de boa vontade que
fizemos", disse Parente.
Perdas
A Petrobras
estima que a medida levará a uma redução de receita de R$ 350 milhões nos 15
dias. Considerando impostos e outras despesas que incidiriam nesse valor, o
impacto no caixa da empresa é calculado em aproximadamente R$100 milhões. Como
a decisão é exclusivamente da diretoria da empresa, essa perda não é
reembolsada pelo governo federal.
De acordo com
Pedro Parente, a medida se justifica ainda porque a continuidade da paralisação
poderia gerar outras perdas à Petrobras, já que o funcionamento das refinarias
também depende do transporte rodoviário. "As nossas operações também são
prejudicadas. Então faz sentido buscar a adoção dessa medida tendo em vista
inclusive a garantia de normalização do funcionamento de todas as empresas do
Brasil, inclusive da Petrobras".
A diretoria
da estatal avaliou que, num caso extremo em que a paralisação persistisse e a
produção nas refinarias fosse totalmente interrompida, o faturamento poderia
cair em torno de R$ 90 milhões por dia. "A ideia é evitar impactos
negativos tanto para a população como para as operações da nossa própria
empresa. É uma medida de caráter excepcional. Não representa uma mudança na
política de preços da Petrobras", acrescentou Parente.
FONTE Agência Brasil
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